terça-feira, 1 de julho de 2008

Por que ainda engatinhamos na Fé?
Nesse mês de julho, já avançando para o final de mais um ano, muitas vezes a Igreja vem nos convidar através da Palavra de Deus proclamada principalmente na Eucaristia, a repensar o nosso modo humano e cristão de viver.
Quantas vezes nós nos sentimos na nossa caminhada da vida, como que dando um passo para frente e dois para trás! A vida muitas vezes nos parece, apesar de todos os nossos esforços, absolutamente destituída de sentido. Lutamos sem conseguir o gosto da vitória, trabalhamos, sem usufruir, contudo do fruto do nosso trabalho e vivemos a religião sem experimentar a fé.
Por que isso tantas vezes acontece conosco, que nos empenhamos de verdade e de coração a trilhar o caminho do Cristo? Por que nossa vida não deveria ser afinal uma experiência profunda e continuada das consolações de Deus, quando ao contrário, muitas vezes mais parece uma travessia dolorosa pelo vale de lágrimas em que a vida se torna?
Por certo que a resposta a essas indagações vamos encontrá-la dentro de nós mesmos e de nossa maneira de viver a fé: muitas vezes cremos sem crer, esperamos sem esperar, trabalhamos para Deus sem trabalhar. Vivemos na verdade uma vida de aparências – para nós e para Deus – em que tentamos desesperadamente esconder o fracasso de nós mesmos.
A vida cristã, já disse alguém, poderia ser comparada a uma grande espiral em que os fatos vão se evoluindo para o bem ou para o mal, para cima ou para baixo, de acordo com as nossas escolhas de vida. Nada em nossa caminhada com Deus acontece por acaso e de maneira abrupta e vertiginosa. Tudo é sempre fruto de longa jornada.
Assim, portanto, é tempo de parar para pensarmos o quanto ainda rastejamos na fé. E mais ainda o quanto se poderia crescer mais no nosso avançar para o Cristo, se nosso sim de cada dia tivesse como espelho o sim de Nossa Senhora, a Virgem Santíssima.
Ela sim, soube cooptar em seu coração a vontade de Deus e se colocar à escuta e na obediência a essa Vontade. Claro que muitas vezes não compreendia nada do que Deus queria dela, mas no silêncio de seu coração acolhia.
Nós, ao contrário, até mesmo quando rezamos, colocamos em primeiro lugar nossa vontade, para daí perguntar qual seria a vontade de Deus, nessa ou naquela circunstância da vida. Se o querer de Deus se conjuga ao nosso, somos propensos a aceitar, mas ao contrário, se esse querer fere a nossa vontade, somos capazes de rejeitá-lo, seguindo o nosso próprio instinto e chorando muitas vezes e lamentando o abandono de Deus por nós.
Somos crianças rebeldes que se recusam a crescer, por isso continuamente engatinhamos no caminho da fé. É necessário quanto antes a determinação de alcançar, no dizer de São Paulo, a estatura do Cristo.
A maneira de fazê-lo nós mesmos vamos descobrindo, na medida em que nos abrimos à obediência, renunciando a nossa vontade para deixá-la coincidir com a Vontade de Deus.


Pe. Jorge Guimarães de Oliveira (pároco da Matriz São Gonçalo em Goitacazes)

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